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Gênero, neoextrativismo e agroecologia: Perspectivas feministas sobre os conflitos ambientais

Por Liliam Telles, Alessandra Bernardes Faria Campos, Isabelle Hillenkamp e Alair Ferreira de Freitas

Os modos de vida de povos e comunidades tradicionais, camponesas e da agricultura familiar e de vários outros grupos locais, urbanos e rurais, com suas formas específicas de apropriação material e simbólica da natureza, têm sido expostos, cada vez mais, às logicas de extração capitalista e mercantil do trabalho e da natureza, traduzindo-se em conflitos ambientais que impactam de distintas maneiras seus territórios. No século XXI, o neoextrativismo expressa essa forma particular de despossessão capitalista, com forte participação do Estado. No campo de estudos sobre conflitos ambientais e neoextrativismo, predomina o uso da variável “classe” como dimensão explicativa das desigualdades ambientais e, em decorrência, a notável sub-representação das categorias analíticas importantes, como gênero, raça e etnia. Para reposicionar estas análises, o artigo traz uma análise feminista sobre a forma como os projetos neoextrativistas penetram nos territórios e combina uma abordagem, em diferentes escalas, das resistências protagonizadas pelas mulheres. De forma concreta, nos debruçamos sobre como o avanço da mineração na Zona da Mata mineira tem afetado a vida das comunidades, e das mulheres de forma particular, bem como, as formas como essas sujeitas tem respondido à esta ameaça. Diante de uma masculinidade hegemônica que tenta se impor, afirmamos o protagonismo das mulheres numa resistência ativa e decisiva para a disputa pelos territórios, operada em diferentes escalas interconectadas. Como respostas e alternativas aos projetos neoextrativistas que ameaçam as comunidades, constatamos que, em processo, a agroecologia tem sido adotada como narrativa e como práticas concreta pelas mulheres.

Leai o artigo publicado na Revista Ambientes (vol. 6, n°1, 2024)

Isabelle Hillenkamp
| 27 set 2024